segunda-feira, janeiro 20, 2014

As "forças da reacção" nos anos setenta

Logo depois de 25 de Abril de 74, praticamente nos dias seguintes, começou a ouvir-se em Portugal uma nova linguagem trazida de fora e que por cá só circulava nas catacumbas dos crentes no comunismo.
Antes dessa data, a perseguição aos neófitos fazia-se em nome da subversão e do próprio conceito de comunismo, cuja designação era o supremo ultraje a pessoas de bem e da situação.
Logo a seguir, inverteram-se completamente as designações e as palavras malditas e ultrajantes passaram a ser "fascista" e "reaccionário", associadas ambas ao regime anterior,  o que implicava muitas vezes sérias consequências pessoais e profissionais, como a de ser "saneado", outra palavra inventada a propósito da nova situação.

Os inventores desta novalíngua foram naturalmente os comunistas, mestres na prestidigitação verbal, tal como denunciada por Orwell no final dos anos quarenta do século XX no seu livro 1984. A "luta pela paz" e a própria noção de "democrático" passaram a conter significados estranhos ao entendimento comum, gerando equívocos que ainda perduram.

Assim, as palavras "fascismo" e "reacção" foram aquelas que passaram a uso corrente na linguagem mediática adoptada como norma linguística de designação criada pelo partido Comunista e secundada imediatamente pelo partido Socialista, para além, claro, de toda a horda de integrantes da extrema-esquerda que os do "Partido" acantonavam numa suposta doença infantil de que tratariam a seu devido tempo, se lho tivessem concedido.

1974
Cunhal numa primeira entrevista ao Diário de Notícias de 22 de Junho de 1974 esportulava já amplamente as liberdades linguísticas. Torna-se muito curioso ler que Cunhal, nesta fase ainda não acreditava nas virtualidades do projecto revolucionário e dizia que "embora confiantes numa democratização da vida portuguesa, se as condições nos forçarem a isso, voltaremos de novo a ser clandestinos". Como é sabido o destino não nos concedeu essa sorte...


 Na mesma altura, um espectador da RTP queixara-se a um membro da Junta de Salvaçãp Nacional e um crítico de tv fazia-lhe logo o retrato fotomaton: fascista. Assim, tal como publicado no Mundo da Canção de Junho de 1974, repescando o artigo de Correia da Fonseca ( um comunista retinto) no jornal República de 28 de Maio de 74)


O visado membro da JSN era o general Galvão de Melo que dera acolhimento aos queixumes fascistas...

Em 28 de Setembro de 1974 ficaram definitivamente cunhados os  termos "reacção" e " fascismo"  que pasaram à linguagem corrente usada no Expresso, tal como a edição desse dia mostra. Nunca mais deixaram de ser usados nos media portugueses, como se tal fosse normalíssimo e usual, lá fora.


1975.

Num discurso em  Almada, em Agosto,  o então primeiro-ministro Vasco Gonçalves, militar que começou por admirar a Suécia e a Itália e acabou ancorado ao sovietismo mais estalinista, dizia que havia " pasquins" como o Expresso e o Jornal Novo que não queriam o socialismo...tal como contava o Expresso  


 1976.

Na corrida presidencial tal como conta o O Jornal em 28 de Maio de 76, o esquerdista ( MES) César de Oliveira achava que não havia candidatos de direita...





Ao mesmo tempo  o jornal A Rua era processado por ser "fascista"...


1977.

Em 11 de Março de 1977 O Jornal mostrava que aquele Galvão de Melo endoidecera. Tinha visto a tragédia com os retornados e tivera o topete de denunciar e chamar traidores a Melo Antunes, Costa Gomes e Vítor Crespo. Se fosse na URSS tinha sido internado...

1978.

Neste ano foi finalmente aprovada uma lei sobre "as organizações fascistas" e definidas estas de um modo curioso. É ler O Jornal de 1 de Setembro de 1978.


João Martins Pereira, o guru do BE actual, perorava no O Jornal de 11 de Agosto de 1978  sobre o que era a esquerda e a crise da mesma...tal como hoje.


Em 25 de Agosto de 1978 Álvaro Cunhal reafirmava novamente a sua nomenclatura política sobre o que entendia por forças da reacção e fascismo...

1979

Em 14 de Dezembro de 1979 ao tempo das eleições que deram a vitória à AD de Sá Carneiro este era definido por Cunhal como um fascista, sem mais aquelas. A AD era a Aliança Reaccionária...

Em 30 de Novembro desse ano, o partido Comunista afiançava publicamente, sem ninguém se rir de tal coisa que "votar na AD era votar no fascismo".

Portanto, as palavras "reacção", "reaccionário" e "fascismo" estavam já amplamente cunhadas por Cunhal no final dos anos setenta e os media que havia, davam ampla divulgação, tornando-se a linguagem usada e corrente para designar a "direita". Como vimos, esta "direita" definida pela esquerda comunista,  ia de uma certa franja do PS ao CDS . O PDC ( proibido de concorrer às eleições de 75) e o MIRN esses eram simplesmente fascistas e de extrema-direita, ultrajados por isso e desprezados nos media, incluindo o de Balsemão.



64 comentários:

Lura do Grilo disse...

Uma loucura .. e isso entrava nas escolas e eu, miúdo, acabava por as repetir sem sequer dar conta do que fazia.

Floribundus disse...

A respeito dos sociais-fascistas dizia-se no Alentejo
'o porco só pensa na bolota'

Hoje damos
'serventia a pedreiros'-livres

Ou ouvimos uma alteração de velha expressão
'meninos à sala'

JC disse...

Este postal está excelente!

A justificação de Cunhal para a vitória da AD, que caracteriza de reacionária, é uma coisa surrealista!
Chama ao Sá Carneiro fascista dissidente!

Como é possível um energúmeno destes, um traidor de Portugal, pago pelo regime soviético (como José Milhazes conta no seu livro Cunhal, Brejnev e o 25 de Abril) que se tivesse conseguido mandar neste país tinha instaurado a maior ditadura alguma vez vista na Europa Ocidental, seja homenageado em escolas públicas por este País fora?
E que António Costa, esse putativo presidente do PS e quiçá de Portugal, tenha dado o esterco do seu nome a uma rua da capital?

lusitânea disse...

Os meninos à sala é que deu a machadada final no "sistema" a caminho do socialismo.Com o Passos é a passagem directa ao comunismo com o seu "temos que receber menos para outros receberem mais".Quantos nacionalizaram em 2013?Parece que querem deixar a coisa nas catacumbas...

lusitânea disse...

Os meninos à sala é que deu a machadada final no "sistema" a caminho do socialismo.Com o Passos é a passagem directa ao comunismo com o seu "temos que receber menos para outros receberem mais".Quantos nacionalizaram em 2013?Parece que querem deixar a coisa nas catacumbas...

lusitânea disse...

Entretanto tendo-se perdido o 25 de Novembro de 1975 na secretaria, só um novo 28 de Maio poderá voltar a colocar Portugal nos eixos...

zazie disse...

O discurso do Vasco Gonçalves em Almada foi das coisas mais surrealistas que me lembro.

Ele tinha uma jarra de cravos à frente e ia tirando cravos enquanto dizia aquelas anormalidades histéricas.

":O))))))

Carlos disse...


A portadaloja, parece ter virado balcão dos marretas. ha, ha, ha!...

zazie disse...

Só cá faltava o Fozzie

":OP

Anónimo disse...

Volto a colocar o post que tinha colocado no post anterior, mas que se perdeu na discussão entretanto criada.

"Quanto a Marcelo, continua o José a querer demonstrar as boas intenções que nunca foi capaz de as implementar, quer internamente, quer relativa à guerra com as colónias. E teve até, dois ciclos eleitorais onde podia ter dado sinais de mudança 1969-1973 e não o fez - caiu de podre (para não se esquecer)."

Exactamente. Marcello podia ter promovido a legalização de todos os partidos políticos não comunistas; podia ter efectuado a extinção da DGS e o fim da censura; podia tornar a eleger o Presidente da República por sufrágio universal - ele próprio ou Spínola ganhariam muito facilmente em eleições livres - podia ter feito um referendo no qual os portugueses decidissem o destino a dar às colónias.
Era isto que ele devia ter feito de forma a evitar o que sucedeu a 25-04-1974, podia ter evitado a «esquerdização» em Portugal. Não o quis fazer, claramente. Bloqueou e depois deixou-se estar à espera de um golpe para sair do poder.
Estou certo que, se tivesse feito o que referi atrás, teríamos uma transição à espanhola, bem mais suave e bem menos nefasta na economia.

Adenda: Realmente houve o 25 de Novembro que poderia ter marcado um certo regresso - que houve, é certo, mas não muito... - à «normalidade», infelizmente Melo Antunes decidiu dar uma «benesse» ao PC. Essa Assembleia Constituinte devia ter sido dissolvida e deviam ter havido novas eleições, das quais nunca teriam consequências nefastas como «as nacionalizações são irreversíveis». Estou convicto que num futuro próximo, mais para os finais dos anos 70 estariam criadas condições para as privatizações ou pelo menos para permitir o acesso da iniciativa privada a sectores importantes da economia. Isso só aconteceria a partir de 85/86, tarde demais creio eu.

josé disse...

A comparação não desmerece. Os Marretas era uma série fantástica e os comentários do balcão um must.

josé disse...

Marcello podia ter promovido a legalização de todos os partidos políticos não comunistas; podia ter efectuado a extinção da DGS e o fim da censura; podia tornar a eleger o Presidente da República por sufrágio universal - ele próprio ou Spínola ganhariam muito facilmente em eleições livres - podia ter feito um referendo no qual os portugueses decidissem o destino a dar às colónias.
Era isto que ele devia ter feito de forma a evitar o que sucedeu a 25-04-1974"

Podia mas não fez porque se calhar...não podia.
Porém, o problema não foi esse. O problema é este que apresento aqui:

Porque é que os portugueses aceitaram o comunismo e o socialismo tal como surgiram logo depois do 25 de Abril?

E porque aceitaram que o PCP e a extrema-esquerda mandassem no país ideologicamente durante um tempo suficiente para mudarem e revolucionarem o país de um modo que ainda hoje sofremos as consequências?

E principalmente porque é que sabendo isto agora não correm com essa gente da cena política de uma vez por todas?

Esta é que é a questão. Marcello deixou passar o comboio mas os portugueses ficaram sentados na estação a vê-los passar.

josé disse...

Porque é a que troika Avoila, Arménio e Jerónimo continuam a ter a expressão que têm?

josé disse...

Se a esquerda comunista e socialista não tivessem feito o que fizeram em 74-75 e impedido economicamente a mudança durante mais de uma dúzia de anos, não estaríamos melhor?

Essa é que é a questão.

Vivendi disse...

O Unknow não percebeu ainda(depois de 3 bancarrotas) que o tempo só veio dar razão a Salazar e a Marcelo.

Passado 40 anos a utopia socialista ainda faz frisson em Portugal e por conseguinte temos um Portugal destruído pela demagogia, corrupção e maçonaria.


Vivendi disse...

Quem dos 40 anos de partidocracia se salva?

O pessoal ainda acredita que pode corrigir o problema trocando umas personagens quando o princípio do mal está desde a raiz. A democracia em Portugal é uma anedota total.

luis barreiro disse...

Tenho pena de o José não ter um arquivo dos murais pintados pela esquerda desses tempos.
"Morte aos fachos"
"Morte as ricos"
"Morte aos capitalistas"
"Morte aos latifundiários"
"A reacção não passará"
"Morte aos reaccionários"
"Morte aos fascistas"

Mostrar o que a esquerda é feita na realidade.

Floribundus disse...

A porta do Júlio
«vasco volta para casa
ou toma os medicamentos»

prefiro ver e ouvir
Euro-news

muja disse...

Agora é os marretas...

Carlos, não se iniba. Também pode escrever "morte à reacção" e "morte aos ricos".

Porque, claramente, já não sabe o que há-de escrever mais... Já não há nada melhor na caixa das pilhérias?

Ahaha!

muja disse...

Marcello deixou passar o comboio mas os portugueses ficaram sentados na estação a vê-los passar.

Começo é a pensar que os portugueses estavam era mal habituados.

Habituaram-se a ter um Governo que, apesar das tretas sobre a libardade, etc, funcionava bastante bem; não prometia, mas fazia; o que fazia, era ponderado, estudado e analisado - geralmente bem feito; não punha o carro à frente dos bois; fazia o Estado pagar a tempo e horas e ser pessoa honesta; respeitava escrupulosamente o dinheiro, portanto o trabalho, dos contribuintes.

Habituados a isto, convenceram-se que não podia mudar. Deram-no por adquirido. E quando chegaram os poetas e cantores dos amanhãs, só viram vantagens. À chuva no nabal, pensavam que acrescentar o sol na eira. Enganaram-se, evidentemente. Saiu (sai) cara a libardade. Pena é que tenham de ser uns a pagar a libardade de outros...

Porque a minha questão é outra: poder-se-ia ter dado um 25A na década de 50, por exemplo? Duvido muito. Essas pessoas ainda tinham bem presente o antes, o depois e o quanto se fez e estava fazendo no entretanto.




JC disse...

O 25A não se deu por um qualquer desejo de liberdade do povo.

O 25A foi essencialmente uma revolta dos militares.
Por um lado, motivada por questões profissionais - progressões, antiguidades, integração de oficiais milicianos nos quadros - e algum cansaço da guerra no ultramar.
Por outro lado, potenciada por ideias diferentes, no âmbito dos oficiais superiores das Forças Armadas, sobre o que se pretendia para o futuro das províncias ultramarinas - negociação com os rebeldes, criação de uma federação - e a que a publicação do livro de Spínola deu o impulso final.
O 25A não foi nunca uma revolta do povo, por querer mais liberdade ou destituir o governo de Marcello Caetano.

S.T. disse...


O José que me perdôe a estranheza : saberia esclarecer porque é que com tanto preso político , não existe notícia de um único Juíz de Direito «reacionário/fascista» que tenha saneado no período que retrata?

muja disse...

JC, embora não discorde do que diz, a questão não é tanto saber se foi uma revolta do povo: sabemos que não foi.

Mas o povo aderiu ao golpe de estado? Aderiu. Penso que se pode afirmá-lo. Pelo menos nos primeiros momentos, antes de se tornar claro o rumo que as coisas levariam.

O porquê de ter aderido, é uma questão. O José e Zazie, afirmam que as pessoas queriam liberdade, o que viam no estrangeiro etc. Não duvido.
Embora ache que a questão tem mais que se lhe diga.

Outra questão é, tornado claro o rumo que levavam e levariam as coisas, porque é que as pessoas não agiram. Melhor dizendo, porque não reagiram? Penso que esta é a do José.

Para mim, tenho cada vez mais que não reagiram pelo que escrevi acima: estavam mal habituados. Pensavam que a seriedade do Governo era dado adquirido, depois de 40 anos de estabilidade e competência.
Na verdade, penso que ninguém sequer pensou como funcionariam as coisas, tirando uma ideia muito vaga de haviam de ser como era "na Europa".
E habituados que estavam a que lhes tratassem das coisas - algo que os próprios governantes do EN já se queixavam - continuaram à espera de igual.

Por outro, é preciso não esquecer que isto de revoluções, só as há espontâneas no papel dos romances. Sem organização, não há revolução.
Por isso é que não creio que saiamos desta cá com democracias. Na 1ª República também havia democracia, em alguns aspectos bem mais avisada que esta - ainda havia, pelo menos, algum brio nacional - e foi sempre a cair.
Agora, com Bruxelas a mandar na lei, e Frankfurt a mandar no dinheiro, vai ser democracia até não poder mais. Mas ainda podemos um bom bocado... Ainda agora começou.

Mas pelo menos, seremos livres para casar com quem quisermos. Porque toda a gente sabe que a grande aspiração do homem português era poder casar com o seu parceiro da bisca. Simplesmente ninguém lho tinha ainda dito.

m disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
zazie disse...

Eu não sei se aderiu.

Só sei o que vi em Lisboa e pouco mais que foi visto na tv.

A populaça vem sempre para a rua.

Vi galvanização de massas e depois, em tendo a diabolização dos "fascistas" não foi preciso muito para o resto.

O que eu digo é que não vi a tal "festa" de que tanto falam.

Na verdade, fui a banhos porque aquilo começou a enojar-me.

Nem curiosidade tive para ir lá ver esse nojo das ocupações.


Mas a populaça da revanche não queria nada de diferente. Incutiram-lhe a tal luta de classes e o despeito faz o resto.

zazie disse...

E o apoio há-de ter sido conseguido da mesma maneira.

Mas foi diferente no Norte.

No Norte sempre houve uma tradição mais sensata da ordem, por via da Igreja e o minifúndio ajudou ao sentido de propriedade privada.

zazie disse...

Mas alguém aí contou, noutro post, que se lembra como lhe enfiaram patranhas na escola.

Essa doutrinação feita pelo ME deve ter tido um peso enorme.

Não acompanhei nada disso na altura. Felizmente.

zazie disse...

Mas lembro-me que até no meu bairro bastava alguém gritar "facista" para vir tudo pronto para matar e esfolar.

E matou-se gente.

Não se fala muito nisso mas houve mortos.

No Rossio, um que gritaram que era Pide foi ali atacado com barra de ferro pela cabeça abaixo e veio a morrer em S. José.

Não houve processo algum, o COPCOM até foi chamado mas não ligavam nenhuma.

O poder caiu na rua.

Unknown disse...


José, é um engano pensar-se que Cunhal ou qualquer líder comunista tenha tido uma ideia definida para o socialismo, já que este se vai definindo a si mesmo no decurso da luta.

Já a Escola de Frankfurt se baseava na convicção de que qualquer proposta definida para a construção do socialismo era impensável: o que importa fazer é “a crítica radical de tudo quanto existe”. Critiquem, caluniem, emporcalhem, acusem, destruam tudo o que encontrem pela frente, e alguma coisa melhor acabará por surgir espontaneamente. E se não aparecer, não há problema é sinal que novas e justas destruições serão necessárias e sem prazo para terminar.

Marcuse foi conciso: “Por enquanto, a única alternativa concreta é somente a negação.”

Este é o cerne da militância esquerdista em Portugal ou em qualquer outro lugar.
Os comunistas acreditam que não podendo suprimir todo o “mal” de uma penada, só lhes resta a destruição paciente, obstinada, progressiva sem prazo nem fim. E jamais lhe caberá qualquer culpa já que apenas faz o que lhe compete: destruir.

Como vamos observando todos os dias, eles vão apresentando propostas conquistando alguns tontos que não compreendem a sacralidade da causa. Mas essas propostas não têm qualquer importância em si mesmas pois não visam ter aplicação no mundo real ou produzir os benefícios propagandeados, mas tão só a destruição do sistema vigente.

Os comunistas jamais reconheceram fracassos e sempre se sentiram acima de qualquer julgamento humano porque tudo o que o mundo viu “ainda” não é o socialismo, o comunismo, o fim da História, a suprema perfeição que virá e na qual se reconhecerão. Por isso, qualquer julgamento será sempre considerado injusto.

Assim,imbuídos de uma superioridade, os comunistas sempre entenderam que o seu antagonista não é um igual mas um ser menor e desprezível pronto a ser esmagado pelo rolo compressor da História.

José disse...

"José, é um engano pensar-se que Cunhal ou qualquer líder comunista tenha tido uma ideia definida para o socialismo, já que este se vai definindo a si mesmo no decurso da luta."

Não penso estar enganado se disser que Cunhal sabia o que tinha acontecido nos países comunistas. O último, em 1974 tinha sido precisamente o Chile em 72-73 que adoptara uma política de esquerda para destruição dos monopólios. Allendo era socialista mas da esquerda que o Mário Soares meteu depois na gaveta.
A tal esquerda que nos destruiu em dois tempos durante 74-75, ao nacionalizar e correr com os capitalistas portugueses que a meu ver eram de fibra e bons, apesar de nunca os achar pessoas de confiança. Marcello Caetano acho que sabia bem isso e não lhes dava confiança excessiva. Tinha-os arreatados pela lei existente e pelo regime do respeitinho que eles também tinham.
Não eram eles que mandavam no regime como aconteceu no tempo de Sócrates. Era o regime que mandava neles e bem.

Mas esses capitalistas eram o melhor que nós tínhamos e iriam fazer de Portugal um país próspero, penso. Para proveito deles em primeiro lugar, mas com reflexos na economia do país que depoins nunca mais tivemos.

Tenho aqui a história da ascensão de Blemiro na Sonae e vou publicar. É triste.

Portanto Cunhal sabia mais ou menos mas em Junho de 74 ainda temia um regresso à clandestinidade.

Só isso deveria bastar para a "reacção" o ter posto a mexer a sete pés daqui.

Porém, os media- sempre os media!- conseguiram fixar o mito e a mudança de linguagem e foi isso que nos tramou.

Se os media teivessem desatado a mostrar o que se tinha passado na Hungria em 56 e na Checoeslováquia em 68 não tinha havido PCP com Álvaro Cunhal porque a mentira desse indivíduo teria sido mostrada.

Porém, como sabemos nem sequer agora é mostrada. Cunhal, o embusteiro é herói nacional, agora!

O maior sacana que este país teve nos últimos 50 anos é promovido a herói!

zazie disse...

E não foram só os jornais.

As pessoas foram insturmentaizadas por centenas de fanáticos que militavam em toda a parte.

Agora é por sms e facebook. Mas, na altura, estava meio mundo na rua a fazer comício.

A dita reforma agrária nem foi apenas feita pelo MFA- foram estudantes e maralhal de toda a parte, e até vieram estrangeiros para a ajuda.

Roubaram que foi uma loucra. Conheço gente que sabe quem ainda tem uma data de pertences de outrem em casa.

O Conservatório Nacional tinha um espólio valiosíssimo.

Perguntem onde está porque aquilo foi ocupado pro gente que agora é figura pública.

E foram esses qeu roubaram.

zazie disse...

E conheço pessoas mais novas que contam que a entrada na adolescência foi feita assim.

A acompanharem as ocupações que ficaram com a ideia- pelo apoio oficioso que era uma coisa boa e justa que se devia fazer.

E são essas que agora também sabem quem tem o saque ainda em casa daquilo que era portátil.

E também sabem quem são os mesmos que ainda continuam com cargos camarários e idênticos por lhe terem tomado o gosto.

José disse...

Os media na altura espelhavam a canalha da rua, tal como Eça a definia.

Os boçais de intelecto diminuido e que vão a todas dando razão a Panurgo, carneirada que é sempre a carne para o canhão das revoluções.

São legião e são esses "o povo".

José disse...

O comunismo é isso.

zazie disse...

Os mais intelectuais romantizaram esse nojo e diziam que era à Bertolucci

José disse...

Depois de terem o poder matam essa gente como tordos. Porque afinal quem fica com o poder nunca é a canalha mas os criminosos de alto coturno.

Assim de repente não vejo excpeções nos processos revolucionários conhecidos.

Lenine, Estaline, Mao...todos criminosos da pior espécie.

zazie disse...

Completamente. É isso e fede essa boçalidade.

José disse...

O comunismo, citando o então arcebispo de braga, D. Francisco, o "fascista reaccionário" que lutou muito mais contra o comunismo do que Mário Soares, dizia que era uma seita diabólica.

E é. Os polacos, húngaros, checos, eslovenos, russos de vários matizes que o digam porque sabem o que foi essa tragédia.

zazie disse...

Eu fiquei com tamanho asco multidão e canhalha histérica que nunca mais consegui sequer passar perto de manifs.

Ia jurar que nem à Expo fui pelo mesmo motivo.

Só muito recentemente resolvi esse problema passando a ir ao Carnaval del Pueblo em Londres.

Multidão, só a dançar na rua.

Para mais nada.

José disse...

A maior anormalidade comunista é vituperarem o regime de Salazar/Caetano como sendo fascista e a PIDE ( nunca dizem DGS porque a memória é dos anos quarenta) e saberem perfeitamente e plenamente que se fossem poder fariam desse regime e dessa polícia política um bando de meninos de coro.

O que fizeram por exemplo na Alemanha de Lesta, com a STASI é do género nazi. Os mortos na União Soviética são da ordem dos milhões ultrapassando os do regime nazi, propriamente dito.

Pois acusam o regime de Salazar de fascista como se isso fosse o salvo-conduto para se livrarem das acusações de serem os maiores criminosos do séc. XX.

E Cunham sabia perfeitamente disto.

Porque é que esta canalha dos media que temos, estas merdodas lourenços, não denunciam esta podridão?

Porquê? Serão completamente imbecis?

José disse...

os nazis e os comunistas viviam de multidões e praças cheias de manifestantes enlouquecidos.

Só isso basta para os aproximar.

A treta da igualdade só serviu para os do comité central e membros do Partido terem melhor vida que os demais cidadãos. Quem criticasse o regime era preso e não era como aqui, no tempo de Salazar. As penas eram outras e os tribunais do povo faziam a vontade a quem mandava porque senão eram eles quem iria para a choça.

zazie disse...

é por isso que, ainda hoje, nem apresentações quero a algum ou retardado mental que diz, em tom de suspiro poético, que é todo Abril.

Só pode ser um imbecil chapado.

José disse...

Porque é que estas coisas não se dizem e se explicam claramente que não são fantasias nem propaganda anti-comunista primária?

zazie disse...

Pois viviam. Aquela massa não pensa.

Aquilo é pior que a carneirada. Tanto está pronta para a carnificina como para o talho.

E nunca compreendi os complexos de quem acha que esta bestialidade é para respeitar e lhe chama "povo".

José disse...

A crítica comunista em Portugal nas tv´s passa por um roteiro antigo e com palavras recicladas para não fazer mossa.

Não se dizem as coisas claramente. Não se chama assassino a quem o é. Não se chama anti-democrático a quem sempre o foi, como Álvaro Cunhal. Não se define claramente quem foi este personagem sinistro e continua o mito com desígnio misterioso e estúpido.

zazie disse...

Sei lá.
Por vergonha ou para não serem chateados.

A mim, havia uns tantos que, sempre que eu falava nestas coisas, me chamavam "menina das avenidas".

Andei anos a aturar esses remoques sem dizer nada.

Aqui há tempos acabei de vez com a cretinice e até lhes ensinei que nem o sentido da expressão sabiam, quanto mais o que eram as Avenidas Novas.

E calei porque, de facto, não sou burguesa de temperamento, não tenho vida de encosto, nunca pedi nada e nada devo a ninguém.

E quem acusava, mesmo que em tom de brincadeira aparvalhada, não pode dizer o mesmo.

José disse...

Tal como na definição entre o que é direita e esquerda, a confusão é a regra.
Criaram os mitos e agora não pensam sequer que se enganaram. Querem continuar a acreditar nessas falsidades como se fossem verdades relativas.

zazie disse...

Ando a pé e de transporte público. Fiz Portugal inteiro de mochila às costas.

Essa malta, se for preciso, até precisa de ir de jipe ao cabeleireiro da esquina.

zazie disse...

O uso da palavra povo também tem muito piada.

Quando interessa é tudo povo, porque dizer.se povo pode parecer uma desfeita de classe.

Para outras coisas, enchem a boca da palavra povo e acham que são os seus representantes legais.

O povo dos oprimidos. É sempre em nome destas patranhas que descomprimem a bestialidade e de seguida passam a chefes e tratam das purgas.

José disse...

Para os comunistas o "nosso povo" é uma massa informe de energúmenos que tem que votar neles para depois eles mandarem como quem manda em carneiros.

Só isso e estou a ser muito generoso, porque Estaline mandou matar milhões desse povo.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
zazie disse...

Os comunas sindicalistas são os maiores hipócritas que existem.

Vivem mesmo de usarem os problemas de trabalho dos outros para os tramarem. se não servirem para uso político do que lhes importa.

São uma escória. E desses até tenho dados concretos porque os conheci de perto.

Quem anda a toque de caixa desses cretinos é imbecil.

Anónimo disse...

A parte mais bonita do espectáculo democrático ainda está para vir.

Como o 25A já foi há 40 anos, e muitos que o passaram já são velhos, agora dentro de poucos anos vamos ter políticos, comentaristas, gentes dos teatros, das cantigas, dos jornais, e que nasceram depois do 25A a contarem histórias de terem sido perseguidos pela PIDE.

Nada de admirar.

Vamos ter gajos que nasceram a 75/76 a descrever a alegria do povo que viam nas ruas e as chaimites e os cravos.

Este regime podre vive disso. Há que manter a chama.

zazie disse...

Greves, despedimentos, tudo o mais, só serve se der para inscreverem na desestabilizarão social que lhes interessa.

Chegam a ter o desplante de atirarem para cima do Estado o problema de quem não tem apoio nas falências, quando os cabrões vivem de quotas e, em momento algum, são capazes de as usar para ajuda dos associados

zazie disse...

Já temos.

São os militantes do anti-facismo fantástico.

É como o problema do anti-semistismo. Nem precisa de haver judeu, basta alguém mascarar-se

":O))))

JC disse...

Pedro:

Alguns desses que nasceram em 75/76 ainda lá devem ter em casa, entalados entre as folhas de um qualquer livro, os cravos com que andaram no dia da revolução pelas ruas de Lisboa a cantar a "Gaivota", e que guardaram para recordação.

zazie disse...

Estes momentos de "revolução" com instigação de "luta contra injustiças" e coisas assim, em nome da igualdade, também acarretam sempre muita poltranice sonsa.

O meu pai tinha várias empresas e foram todas ocupadas nessa onda contra o "patronato".

Quem instigou nem foi nunca o operário mais antigo que era como da família. Foram as mulheres dos arrivistas.

De todo o modo, como o meu pai também não nasceu para vítima, lá fez teve artes de sair com o que conseguiu livrar os patuscos acabaram por lhe ocupar as dívidas.

Sem se zangarem nunca, deram-se sempre até à morte dele ou de outros mais velhos e ele mudou de vida porque tinha esse dom de ir sempre para a frente.

Mas, a verdade é que esse mito de igualdade e que todo pode ser patrão, é falso.

Aquilo faliu logo. Tudo.

Porque não nascemos todos iguais e então, nestas coisas de arte, ainda menos.

Ele criou tudo de novo, em coisa absolutamente diferente e os ocupas foram ao fundo com a poltranice cretina de querem trocar de papeis porque sim. Porque era esse o som que se vendia.

Carlos disse...

O delírio.

...pois, pois, claro, sim, é evidente, pois, pois, então não é!? o que vale somos nós, senão isto nem existia!...pois, pois, claro, sim, é óbvio, ainda bem que existe uma reserva do jurássico em estado novo, senão isto já não existia mesmo!...pois, pois, claro, é evidente. Mas hoje já somos muitos, a contar com as personagens que aqui estrebucham, já devemos ser aí uns 5, não?... talvez, ou até 6! isto não para de crescer.

Entretanto...o mundo pula e avança!

P.S.: aqui vai a minha singela contribuição para passarem a 7.Ah, ah, ah!...

zazie disse...

Foi o único "trauma" abrilista que ainda vivi e chegámos a chorar a rir com a coisa porque o meu pai de tudo fazia rábula e com tudo gozava.

Um dia bateu à porta, vestido com umas calças velhas e boné na cabeça e ninguém queria abrir a porta porque nem o reconhecemos.

Vinha na qualidade de "moço de lavoura!. Literalmente. E foi assim que recomeçou tudo de novo.

Foi um fartote de riso porque ele decidiu trocar dar-lhes a palha que queriam comer.

JC disse...

Chegou o palhaço de serviço....

Carlos disse...

Ok, mas estás atrasado!

muja disse...

Sete?

Eu não sei quantos são, mas aposto que são mais que sete. Bem mais. E são mais este ano que no ano passado. Desconfio que também saberá. Por isso é que ainda aqui vem largar a pilhéria. Cada vez mais fraca, diga-se de passagem...

Em França, ainda ontem eram cinco. Hoje a FN é o terceiro, talvez até o segundo maior partido...



O mundo pula e avança? Ahahaha! Para onde? Para o paraíso da co-adopção?

É que parece que em todo o lado os capitalistas/neoliberais/neoconservadores tomam conta de tudo. É o que dizem os esquerdistas "bobos", tipo Carlos, aí pelo mundo fora. O 1%, os Occupys e tudo isso.

Menos quando aparecem os "jurássicos". Aí, ah caramba!, o que o mundo avança e pula! De repente, é só progresso!

Enfim, já não dá para muito mais a caixa da pilhéria. Dantes ainda esboçava uns argumentitos, assim como quem atira uns ossitos aos cães. Mas parece que nem para isso ainda dá...

Nem concorda, nem discorda. "Manifesta-se."

Mais valia o "morte à reacção". Era mais franco, e menos gaga a parte apresentada.

Unknown disse...

José, claro que o Cunhal sabia o que se passara nos países comunistas. O que eu quis dizer é que uma ditadura comunista não é implantada a régua e esquadro embora haja no processo etapas facilmente reconhecíveis aos olhos de qualquer leigo. Um deles é a destruição para eles necessária e justa.

Mas o movimento revolucionário dependendo das circunstâncias pode mudar de estratégia e tomar as mais variadas formas, fazer avanços e recuos adaptando-se.

O amanhã radioso a ser atingido não pode ser descrito ou definido de antemão, mas tem de criar-se por si mesmo no curso do processo.

Por isso, o movimento revolucionário não pode reconhecer como obra sua nenhum estado de coisas que ele venha a produzir historicamente, porque isso ainda não é o verdadeiro socialismo mas uma transição, uma etapa criada pelo confronto com o inimigo.

Esta promessa permanentemente adiável é, pela sua natureza, um resultado futuro que eles mesmos não podem dizer quando, qual seja, nem quando virá.

Maria disse...

Floriano Mongo, duplos parabéns por este seu último comentário. Uma análise inteligente e tão explícita quão verdadeira do que é efectivamente o diabólico comunismo. Por outras palavras, um movimento mundial secreto (que até já o não é) transformado em partido global com o único intuito de acabar com 50% da população mundial. Este é o seu objectivo final, o qual tem vindo a ser alcançado com bastas sobras - é forçoso realçar - paulatina e impunemente desde há muitas décadas. Como ademais está comprovadíssimo pelos trágicos acontecimentos artificialmente provocados (para não recuarmos mais no tempo) em todo o decorrer do último século nos cinco Continentes.